quinta-feira, 20 de maio de 2010

Onde

Onde queres tu chegar
Espelho de ilusões?
Onde, perfume almíscar?
Onde, pérfidos botões?

Onde, perene procura
Por esses caminhos da alma,
Da sempiterna loucura
Que nos atormenta a calma?

Onde, caminho de anseios
Das profundezas do ser?
Onde, raiz de vis receios
Onde todos vão beber?

Hei-la, demanda rugosa.
Hei-la na fome e na sede,
No desejo cor-de-rosa.
Hei-la subindo a parede.

Hei-la, na gélida pele,
No desamparo relento,
No cativeiro de fel,
No vago sopro do vento.

Onde estás tu que procuro?
Onde estás que não te vejo?
Onde e sempre, sempre e juro,
Onde estará o teu beijo?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Orion

Orion não se vê daqui,
Não se vê e não olha
Mas também não te vejo a ti,
A água na pedra molha.

Na pedra molha mas fura;
Pedreira é o coração.
Não te vejo sina dura,
Dói a pedra dói o chão.

E é de cão o meu sofrer
E é de cão o meu estar
E é de cão pedra o meu ser
Cão pedra flutua pelo ar.

E Orion só é desnorte
Pois o norte ursa maior
Ou pequena, sem ti morte.
É cão, é pedra e é dor.

Caciopeia centopeia
Rocha cão pedra lunar,
Meu ser é o ar de Pompeia
Que bombeia para amar.

E Orion não se vê daqui
Nem dali nem de acolá,
Meu amor, o quero aqui,
Meu amor, o quero já!

domingo, 16 de maio de 2010

Soneto

Pois olha como brilha o sol em ti,
Mesmo de noite, quando estás feliz.
Ouve o que o teu íntimo bem te diz
Acerca das boas coisas que não vi.

Ao teu lado, a surpresa bem condiz,
Tudo é uma alegria, tudo sorri.
A natureza não está em si
De contente por ser a tua matriz.

Totalmente reflectes tu pureza,
Do teu corpo à tua alma és uma flor.
A tua simplicidade é só grandeza,

Pois as pedras até morrem de amor
Ao sentirem os passos da beleza
Que transportas e dão-te esse sabor.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Numa alta montanha

Numa alta montanha
Abaixo dos cumes,
Aridez tamanha
Só pedras e gumes.

Tufo verdejante
Em nesga de terra,
Num ermo gigante
Em forma de serra.

Verde colorido
Super compactado,
Ultra comprimido,
Mega saturado.

Oásis miniatura
Pouco ar, muito sol,
Vento com fartura,
Terra nada mole.

É na adversidade
Que este tufo vive.
Sem dificuldade
Nada sobrevive.

Dá consolo à vida
Exemplos assim,
Luta bem renhida
E ganha no fim.

Tudo se renova
E a luta também.
É o sal da prova,
Prazer que se tem.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Em redor nada floresce,
Perto de mim só há gritos.
É neste medo que cresce
A vontade de ser ritos.

Não há flores p’ra te dar
No meu mundo inventado.
Mas no real tens de aguentar
Dores e eu desesperado.

Às vezes penso que sou
Como aquele mito antigo
Que em pedra tudo tornou
No olhar, sendo ou não amigo.

Se não gosto do que vejo
O sonho não é melhor.
Quem me dera ser um beijo
E nada ser em redor.

sábado, 8 de maio de 2010

Declaração

Sou amante do momento,
do instante, da inspiração,
não gosto do polimento,
nem do vagar do artesão.

Do meu tempo sou produto
e filho desta instrução,
por mais que lute, sou fruto
de forças em colisão.

Tenho limitações sérias,
fracas bases culturais,
com alguns genes de férias
sou inferior por demais.

No entanto gosto de rimas,
de histórias e de escrever,
evito o uso de limas.
Saiu? Não volto a mexer.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

gostaria de cantar com belo canto
belas frases e imagens de esplendor
belas palavras de profundo amor
dizer-te sou feliz sob o teu manto
e se ver que isso não é dizer tanto
dizer és o meu mundo ó meu senhor