sábado, 24 de outubro de 2009

Leve, abraço do vento



No alto, no abraço do vento,
subo com aos pés o mundo.
Somos um neste momento
leve, lá no céu profundo.


Pairo com a alma insuflada,
leve, leve sob os montes.
O ar é puro, a luz parada,
ambos minhas vitais fontes.


Sou tocado pelo Tudo
mero eu meio grão de pó,
semelhante abafo mudo,
farrapo de um capindó.


E Nele vejo quem sou.
Só Nele realmente existo.
Nele o meu gelo brilhou.
Nele vivo mais do que isto.


Só Nele a lama é diamante,
o suor medalha de glória,
o fogo rio refrescante
e a queda raiz da vitória.


Pairo leve por segundos,
eternos, leve união.
Sou visita doutros mundos,
leve, leve, com perdão.


Depois regresso, ao cascalho,
que rebola monte abaixo,
à urze, esteva, ao galho
e à peças que nunca encaixo.



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