segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sete horas



Sete horas da tarde deste Inverno,
sete são só as lojas que fecham,
sete tantos doutores vestem terno,
sete amores passam e me deixam.


Está escuro na luz amarela,
a vida vem da caixa do dinheiro,
a calmaria já desce esta viela
que antes foi das formigas um carreiro.


Por detrás desse prédio, nada sei.
Por detrás de um escuro vidro quente,
escuro quente vidro, nada olhei,
um quente escuro vidro que me mente.


Quem acaba o trabalho agora sai,
quem na rua passa dele agora vem.
Quem no prédio entra só cansado vai.
Quem sou eu ! Nem sair nem entrar também


É triste as sete horas desta rua.
Vaidosas portas às sete fechadas
pondo decentemente e pura nua
a estrada onde há sóbrias fachadas.


Sem nada melhor p’ra fazer, ‘stou só,
sentado na cadeira e solidão
vejo a vida girando numa mó
onde sai só pó do meu coração.


Nesta rua tudo passa, só eu não.
Mas sou só eu a olhar e a rever nela
que eu queria estar nessa situação
de ser visto na rua pela janela.



Sem comentários:

Enviar um comentário