sexta-feira, 6 de novembro de 2009





Certo dia numa gare
A ocidente do meu lar
Senti-me só e intenso,
Integrado e propenso
A este melancólico olhar.



Sentado num banco corrido
Ali estou eu inteiro, contido,
Atento, discreto, olhando
Quem vai e vem passando.
Que diversidade, que colorido!



Gente que vem, gente que vai,
Gente que entra, gente que sai,
Pergunto-me que histórias trazem
O que na vida elas fazem.
Serás casada ou mãe? E tu pai?



Local de passagem é mesmo assim:
Deserto, triste, isto para mim.
Procuro, anseio, por raízes,
Relações, olhares, felizes
Que tragam conforto no fim.



Conheço para onde vou,
O prédio que alguém desenhou.
Sinto saudades de ti que passas,
De ti e de ti o que quer que faças,
Minha alma se agarrou.



Tanta história desconhecida
Que passa por mim distraída,
Corres para o autocarro suburbano
E fazes isto todo o ano.
Quero sair e seguir a tua vida.



Nesse dia senti-me fantasma,
Só, intenso, mero plasma.
Perto de casa estava
Neles nela me achava
Nela eles eram asma.



Minha casa eras tu e tu e tu,
Leva-me sinto-me nu,
Proteges-me deste vazio,
Prometes-me calor no frio
E desvendar esse tabu.



Nesse dia de volta ao lar,
À casa não estava a chegar.
Cada pessoa que por mim passou,
Um pouco desse sítio de mim levou,
Levou para nunca mais voltar.



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